As fotografias revelam
por Raquel Pivetta
Era um sábado à tarde, eu estava indo para a cozinha lavar as xícaras do cafezinho, quando me deparei com aquele envelope recheado de fotos fresquinhas — reveladas no mesmo dia — em cima do aparador. Como toda mulher vaidosa, não hesitei em ver como me saí.
Que decepção, a pior versão da minha pessoa estava ali registrada, eternizada naquele papel especial. Pensei comigo: os anos passam… E, pelo jeito, não estão passando tão depressa para o meu marido. Não é que o danado está cada dia mais charmoso?! Boa-pinta, como eles dizem.
Abandonei o envelope no mesmo lugar e, tentando disfarçar meu semblante murcho, fui para o cômodo mais aconchegante da casa — há quem diga que lavar louças é uma terapia.
Então chegou a vez dele. No momento em que passou por ali, sentiu a mesma curiosidade… Ao observar atentamente as benditas imagens, o homem de poucas palavras soltou um comentário:
— Nossa, como estou derrubado! Você está tão bonita!
— Obrigada — respondi.
Fiquei quieta, guardando o trunfo comigo, como o vendedor que tem margem para baixar o preço, mas se mantém firme ao captar quanto o cliente está disposto a pagar.
Mas não tem jeito, os anos passam. O amor? Ah, que este seja recíproco enquanto dure.
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