“Tempos modernos”

"Tempos modernos"

Tempos modernos

por Raquel Pivetta

Deu 8h. Dá bom-dia, passa o crachá, guarda o crachá, passa a primeira e vai.

Passa o crachá, passa a cancela, acha uma vaga. Sai do carro, cadê o crachá? Meia-volta, vai buscar.

Agora vai: crachá, dedo, catraca, “Acesso permitido”.

Ainda tem o ponto eletrônico: põe o dedo, puxa o papel, álcool gel, guarda o papel.

Deu meio-dia. Põe o dedo, puxa o papel, álcool gel, guarda o papel.

Falta pouco para o almoço: crachá, dedo, catraca, “Saída liberada”.

Fila, prato. Fila, balança. Não tem mesa. Consegue uma mesa. Fila, caixa…

Deu 14h. Crachá, dedo, catraca, “Acesso permitido”.

Outra vez o ponto: põe o dedo, “Dedo falso”; põe a matrícula, põe a senha, puxa o papel, “Pouco papel”, álcool gel, mancha o papel, larga o papel e vai.

Ctrl+C, Ctrl+V, Ctrl+X, Ctrl+V, Ctrl+Z… Bugou. Deu ruim. Ctrl+Alt+Del…

Deu 18h. Põe o dedo, “Dedo falso”; põe a matrícula, põe a senha, “Senha inválida”; põe a matrícula, põe a senha, põe o dedo, troca a senha, guarda o dedo, limpa a senha, nada de álcool gel, arranca o papel, acabou o papel.

Está quase: crachá, dedo, “Usuário não cadastrado”;  crachá, dedo vizinho, “Saída liberada”.

Entra no carro, põe o cinto, passa a primeira, pé no freio, passa o crachá, passa a cancela, dá boa-noite e vai.

Mas ô modernidade!

Sobre a autora…

Veja também: Uns pagam mais caro

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5 respostas

  1. A tecnologia nos ajuda imensamente no nosso cotidiano, faz parte de praticamente tudo que envolve o nosso dia a dia, mas quando falha esquecemos da importância e facilidade que ela nos traz.

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