Por quê?

por Raquel  Pivetta 

— Posso te perguntar uma coisa?

— Sim.

— Por que vocês estão separados?

— Porque sim.

— Ué, já estão juntos?

— Sim, quer dizer, não!

— Então me responde. Por que estão separados?

— Por causa da interrogação. Ela impõe isso. Mas queria  saber por que faz tantas perguntas.

— Olha aí… Estão separados, mesmo sem o sinal de interrogação. Essa inconstância é a razão por que fico com tantas dúvidas. Não sei por que não seguem uma linha.

— Ah, sim. Observe que isso é relativo; e nossa versão separada ocorre também nas perguntas indiretas.

— E o acento, por que seu parceiro perdeu?

— Simplesmente porque não fomos para o final da frase.

— Vocês me deixam confusa, já estão juntos! Ouvi dizer que é quando indicam uma resposta. É isso mesmo, ou vocês mudam ao sabor do vento?

— Na verdade, quando a gente se une é porque quer dar alguma explicação ou expressar uma relação de causa. Como pode ver, não é aleatório, existe um porquê.

— E essa gracinha agora, de aparecerem juntos com acento?

— Aí é outra história. Sempre que nos tratam como substantivo, temos que ficar juntos e levar o acento. Mas você não para de perguntar! Por quê?

— Ué, vocês mudam a todo instante! Já estão separados e com acento…

— Ah, sim, isso acontece quando nos encontramos na esquina, ou melhor, no final da frase. É tão comum, que tem gente empregando sem saber por quê.

— Hum… Então deve haver um motivo para tantos porquês, por que tantas versões… Será por quê?

— Vai ver é porque nos adaptamos a diferentes situações.

— Ou, quem sabe, gostam de fazer confusão mesmo. Sei lá, vai entender!

 

Sobre a autora…

Veja também: Reunião de pais

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