Há alguns dias, fui pega de surpresa com uma pergunta sobre o blog. Questionaram-me o que ele acrescenta ao mundo ou traz de bom para as pessoas. Foi uma indagação para lá de interessante, instigante, a qual me fez refletir…
O que eu busco é incentivar à leitura aquelas pessoas que não têm o hábito de ler ou que não tiveram a oportunidade de se introduzir nesse mundo rico de ideias, histórias, dizeres e experiências. A crônica cumpre bem esse papel, uma vez que pertence a um gênero textual caracterizado por textos curtos, de linguagem simples e que abordam aspetos do cotidiano. De forma leve e descontraída, a crônica pode contar com um toque de ironia ou humor e, de quebra, proporcionar ao leitor alguma reflexão.
Em se tratando da categoria “Dicas de português”, gostaria de frisar que sou apreciadora da gramática tradicional, mas respeito todas as variedades que a nossa língua assume — a depender de fatores como classe social, região geográfica, nível de instrução, faixa etária etc. — e penso que saber português não pressupõe saber gramática. O conhecimento da língua envolve a compreensão dos fenômenos que a cercam e está relacionado à competência comunicativa, ou seja, ao desempenho eficiente e seguro de qualquer tarefa comunicativa, oral ou escrita. Portanto, não julgo as pessoas que falam “o trem tá difíci”, “o poblema não tem solução”, “seje feliz”…
O fato é que a língua falada não se deve curvar à norma-padrão, que representa apenas uma das diversas formas de a linguagem se manifestar. Até porque a oralidade conta com outros recursos (gesto, expressão facial, tom de voz, entonação), os quais contribuem bastante para que a comunicação flua com clareza. Em outras palavras, a oralidade pode dar-se ao luxo de ignorar certos aspectos relacionados à linguagem culta sem, no entanto, comprometer a clareza da comunicação.
Além disso, a língua é viva, está acima de uma estrutura imposta pela gramática, pois, além de mudar geograficamente (no espaço), muda no tempo, acompanha as mudanças que acontecem no mundo. Para perceber isso, basta observar a linguagem de um texto jornalístico escrito no início do século XX.
A língua também “veste a roupa apropriada” para cada ocasião ou contexto. Por exemplo, ao escrever um bilhete para a minha filha, eu não utilizo a linguagem de um ofício que redijo no meu trabalho.
Por outro lado, sei que a norma-padrão tem o seu valor. Trata-se de uma das variedades linguísticas mais requisitadas no mundo acadêmico e profissional, a qual focaliza o registro formal, tão importante para a ascensão sociocultural do indivíduo. É ela quem segue atentamente as regras impostas pela gramática tradicional, as quais se propõem a dar conta das inúmeras situações de inadequação, que muitas vezes acabam interferindo na coesão e na coerência, comprometendo a clareza, o sentido, entre outros aspectos macrotextuais. A categoria “Dicas de português” tem justamente o propósito de trazer esclarecimentos nesse sentido.
A seção “Meus artigos” pode auxiliar os estudantes, sendo uma importante fonte de pesquisa, já que apresenta conteúdos fundamentados nas obras de grandes autores e estudiosos da linguística e da gramática da língua portuguesa.
Já a seção “Coisas que não estão nas gramáticas”, além de atender aqueles que buscam dicas relacionadas à estilística, pode ser bastante útil para os profissionais de revisão que buscam algum embasamento para as suas intervenções textuais.
2 respostas
Adorei o texto/explicação de hoje.
Obrigada, Maria José!