O presente artigo contempla o estudo do gênero textual “artigo de opinião”. Tal estudo visa desvelar a natureza desse gênero quanto à sua estrutura linguística, relacionada a elementos microtextuais (como a coesão), e quanto ao seu aspecto discursivo, inerente a elementos macrotextuais (coerência, contexto, intertextualidade, ideologia, estrutura potencial, comunidade discursiva e função social).
Tem-se como objetivo geral aprofundar os conhecimentos necessários à atividade de revisão. Para ser um bom revisor deve-se desprender da análise superficial, em busca de evidências situadas além da superfície do texto, ou seja, é necessário que o revisor tenha uma visão ampla dos aspectos que envolvem a compreensão de um texto, tais como contexto, ideologia, estratégias presentes de dominação e influência, função social, domínio discursivo etc.
Será apresentado, incialmente, um levantamento sobre o conceito de gênero e tipologias textuais, realizado a partir das perspectivas teóricas mais relevantes. Em seguida, o tópico 3 trará uma explanação teórica sobre o fenômeno da coesão, recurso importante dentro da Linguística Textual. No tópico 4, serão abordadas as teorias sobre natureza, estrutura potencial, função social e comunidade discursiva do gênero artigo de opinião. Na sequência, será feita a análise do artigo de opinião escolhido (“Consumo, logo existo”, de Hertz Wendel de Camargo), aplicando-se os princípios teóricos adotados neste estudo. No último tópico, serão apresentadas as considerações finais, destacando-se os objetivos alcançados.
É de grande valia o estudo dos gêneros e as situações comunicativas em que se realizam, uma vez que nos permite aperfeiçoar a linguagem com a qual já temos afinidade e (re)conhecer outras estratégias que possibilitem melhor interação social. Bronckart (2003) ratifica-nos isso quando diz que “a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização e de inserção prática nas atividades comunicativas humanas”.
Nesse sentido, gêneros textuais são a língua em uso constante, seja ela expressa na forma oral ou escrita. São fenômenos históricos ligados à vida cultural e social, que ajudam no intuito de firmar e estabilizar as atividades comunicativas do cotidiano. Um exemplo? A bula de remédios. Com uma bula estrangeira em mãos, a pessoa que estiver lendo não precisa ter domínio da língua, uma vez que a estabilidade desse tipo de texto permite a qualquer um localizar informações como nome comercial, posologia e princípio ativo.
Segundo Marcushi (2005), os gêneros eram formas presentes já em povos de cultura essencialmente oral e passaram a se multiplicar com o advento da escrita alfabética por volta do século 7 a.C. Assim, manifestam-se não somente nas comunicações escritas, como também nas orais. Cada vez que produzimos um texto, seja ele oral ou escrito, consequentemente escolhemos um gênero em função do assunto que queremos falar, do efeito que desejamos produzir no interlocutor, da ação que desejamos produzir no meio que escrevemos etc. Assim, a língua, sob a perspectiva dos gêneros textuais, é compreendida por seus aspectos discursivos e enunciativos, à maneira que dispomos dela.
Já quanto aos aspectos estruturais, encontramos uma camada que também é determinante quando queremos nos comunicar: a tipologia textual, a qual está relacionada à forma como um texto se apresenta (sua estrutura) e tem como característica a presença predominante de determinados traços linguísticos: aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas e tempo verbal.
Muito se confunde Gênero Textual e Tipologia Textual, e saber as diferenças entre estes é fundamental para a melhor compreensão de um texto, visto que a interpretação está relacionada não apenas à construção de sentidos, mas também aos diversos fatores inerentes à estruturação textual.
Um dos recursos mais importantes na produção textual, especificamente no que diz respeito aos aspectos microtextuais, é a coesão, a qual consta na relação dos sete elementos responsáveis pela textualidade elencados pelos estudiosos do texto, a saber: coesão, coerência, informatividade, situacionalidade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabilidade.
É por meio dos recursos de coesão textual que conseguimos organizar as palavras e as frases, de forma a produzir uma unidade textual de sentido. Afinal, o texto não é formado por frases soltas, sem que estas, de alguma maneira, relacionem-se entre si.
Por outro lado, não se pode afirmar que todo texto composto de elementos coesivos cumpre sua função de sentido. De fato, o uso dos elementos coesivos pode ajudar a visualizar as relações existentes entre os termos e enunciados que compõem o texto, bem como proporcionar a sequencialização das suas ideias. Todavia isso não é pressuposto para afirmarmos que um texto coeso é necessariamente coerente.
Ademais, para Marcushi e outros estudiosos do texto a coesão, além de não ser fator determinante para a criação do texto, não é imprescindível, uma vez que há textos sem a presença de elementos coesivos, mas que são coerentes (existe uma continuidade em termos de sentido), assim como há textos dotados de recursos coesivos, mas que não possuem unidade de sentido. ¹
Levando em conta todas essas considerações, Koch afirma que a coesão é um mecanismo fundamental para a manifestação superficial da coerência em muitos tipos de textos (científicos, didáticos, expositivos, opinativos). E conclui: “Pode-se afirmar que o conceito de coesão textual diz respeito a todos os processos de sequencialização que asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual”. ²
A autora propõe que se divida o fenômeno da coesão em duas grandes modalidades: a coesão remissiva ou referencial e a coesão sequencial ³, sendo que esta é realizada mais por elementos conectivos, e aquela, por relações mais especificamente semânticas e/ou pragmáticas responsáveis pela progressão do texto.
¹ MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 1ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. p. 104.
² KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coesão textual. 21ª ed. São Paulo: Contexto, 2009, p. 18.
³ KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coesão textual. 21ª ed. São Paulo: Contexto, 2009, p. 27.
O artigo de opinião é um gênero textual de natureza argumentativa cuja finalidade é persuadir o interlocutor sobre um posicionamento crítico consistente a respeito de determinado assunto, geralmente controverso, de ordem social, política, cultural ou econômica.
O caráter argumentativo do texto de opinião é evidenciado pela emissão e defesa de um ponto de vista adotado pelo articulista para justificar e validar seu posicionamento. Essa defesa pode ser incorporada por outras vozes, outras posições discursivas.
Koch (2003) reforça o conceito de argumentatividade, afirmando que “o uso da linguagem é essencialmente argumentativo: pretendemos orientar os enunciados que produzimos no sentido de determinadas conclusões (com exclusão de outras). […] procuramos dotar nossos enunciados de determinada força argumentativa”.
E, de acordo com Garcia (1988):
Na argumentação, além de expor e explicar ideias, procuramos principalmente formar a opinião do leitor ou ouvinte, tentando convencê-lo de que a razão está conosco, de que nós é que estamos de posse da verdade. “Argumentar é, em última análise, convencer ou tentar convencer mediante a apresentação de razões, em face das provas e à luz de um raciocínio coerente e consistente.”
Bränkling (2000) define o artigo de opinião como um gênero do discurso que busca convencer o outro sobre determinada ideia, influenciando-o e transformando seus valores por meio de argumentação, a favor de uma posição, e de refutação de possíveis opiniões divergentes. Um processo que prevê operação constante de sustentação das afirmações, realizadas por meio da apresentação de dados consistentes, que possam convencer o interlocutor.
Segundo a autora, é preciso que haja questão controversa, questão referente a um tema específico que suscite polêmica em determinados círculos sociais, a ser debatida como condição indispensável para a produção do artigo de opinião.
A configuração do artigo de opinião é determinada pelo contexto de produção (enunciador, assunto, finalidade comunicativa) e seu espaço de circulação, tradicionalmente, são as colunas de jornais e revistas e, com o advento da internet, os blogs e sites.
De acordo com Motta-Roth e Heberle (2005), a Estrutura Potencial do Gênero (EPG) pode ser reconhecida pela configuração contextual. Para essas autoras, o principal objetivo da EPG é:
Dar conta do leque de opções de estruturas esquemáticas específicas potencialmente disponíveis aos textos de um mesmo gênero, de tal forma que as propriedades cruciais de um gênero possam ser abstraídas e qualquer exemplar desse gênero possa ser representado. (apud FUZER & VIEIRA, 2010).
Como todo texto de natureza argumentativa, os artigos de opinião são construídos para convencer o leitor de que a perspectiva analítica adotada pelo autor é a melhor. Embora não tenham que obedecer a uma estrutura rígida, devem expor tema polêmico, lançar argumentos para sustentar a ideia que vai construindo em torno do tema exposto e, ao fim, apresentar uma conclusão de forma a solucionar, reafirmar ou avaliar sua posição. De acordo com esse raciocínio, o artigo de opinião pode ser assim estruturado:
Situação-problema: busca contextualizar o assunto e apresentar a questão a ser desenvolvida. Essa parte inicial do artigo pode deixar claro o objetivo da argumentação e a importância de se discutir o tema.
Discussão: expõe os argumentos e constrói a opinião acerca da questão apresentada. Geralmente usa exposição de fatos, dados e exemplos, com o emprego de sequências narrativas, descritivas e explicativas, para sustentar seu ponto de vista e convencer o leitor.
Solução-avaliação: traz as respostas às questões apresentadas, podendo reafirmar a posição assumida ou apreciar o assunto abordado.
Título geralmente polêmico ou provocador;
Tipologia textual argumentativa;
Predominância dos verbos no presente do indicativo, mas também pode fazer uso do pretérito em explicações ou apresentação de dados e evidências;
O autor pode optar por linguagem comum ou cuidada. A primeira emprega um conjunto de palavras, expressões e construções mais usuais, com sintaxe acessível ao leitor comum. A segunda vale-se de vocabulário mais preciso e raro, com sintaxe mais elaborada que a comum. A escolha por um dos níveis depende do público a que se destina o texto;
Pode haver argumentos de autoridade, que consiste na citação de autores renomados ou de autoridades no assunto para comprovar uma ideia, uma tese ou um ponto de vista;
O autor pode-se colocar de modo pessoal (em primeira pessoa) numa perspectiva mais subjetiva, porém controlada pelo forte teor argumentativo desse gênero, ou pode utilizar o modo impessoal (em terceira pessoa);
Cada parágrafo, habitualmente, contém um argumento que dá suporte à conclusão geral.
Os gêneros são situados, também, em relação à comunidade discursiva em que eles se inserem. No caso do artigo de opinião, a comunidade discursiva é a jornalística.
O conceito de comunidade discursiva foi descrito por Swales (1990), num primeiro momento, como uma atividade social, na produção textual, realizada por comunidades que possuíam convenções específicas e para as quais o discurso fazia parte de seu comportamento social. Assim, referia-se a um grupo fechado e estável, marcado pelo consenso em suas posições. Entretanto, essa ideia foi revista por Swales, que chegou à conclusão de que a comunidade discursiva existe mais em função do envolvimento de seus membros que por associação e coletividade. Com isso, passou a conceituar comunidade discursiva de lugar como um grupo que trabalha junto e que tem noção estável, embora em evolução, dos objetivos propostos pelo grupo. Essa comunidade, segundo o autor, mantém seu repertório de gêneros, com traços retóricos evidentes e com a força que valida as atividades da comunidade. (apud ROCHA, 2012, p.136).
Segundo Swales (1990), a noção de comunidade discursiva está pautada nas seguintes características: a existência de objetivos públicos comuns; mecanismos próprios de intercomunicação entre os participantes da comunidade; função de troca de informações, como participação das atividades da comunidade; uso e posse de gêneros apropriados para dar encaminhamento a seus objetivos; léxico específico; certo grau apropriado de conhecimento relevante e, por último, proficiência discursiva. (apud ROCHA, 2012, p.135).
O texto em tela, do jornalista Hertz Wendel de Camargo, foi publicado na internet, no jornal digital Gazeta do Povo, em 20/05/2014. Trata-se de um artigo de opinião que integra a série especial de artigos sobre os 50 anos do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná – UFPR, situando-se, portanto, no âmbito da comunidade jornalística.
O artigo sob análise apresenta tipologia textual predominantemente argumentativa, uma vez que o autor constrói, por meio de estrutura dissertativa, uma ideia acerca do comportamento consumista de nossa sociedade capitalista. Ao longo do texto, ele utiliza argumentos como apresentação de dados consistentes e citações (argumentos de autoridade) a fim de sustentar sua ideia e, assim, convencer o leitor sobre seu ponto de vista ou, pelo menos, instigá-lo a refletir sobre a questão. Aliás, essa instigação para a reflexão já se antecipa no título, em que o autor faz uma intertextualidade com a conhecida frase “Penso, logo existo”, dita pelo filósofo francês René Descartes ao considerar a razão humana como única forma de existência. Assim, o texto convida o leitor a refletir sobre o consumismo, levando-o à seguinte questão: preciso consumir para existir, ou sou um ser pensante, logo existo?
Assim, observamos que a ideologia presente no texto enquadra-se na legitimação por racionalização, uma vez que o autor busca convencer o leitor de que sua opinião acerca dos fatores ligados à sociedade consumista é digna de apoio.
Ressaltamos, no entanto, que o fato de o texto ter uma natureza argumentativa não implica que ele apresente apenas sequências argumentativas. Nesse sentido, podemos notar que o artigo em questão possui texto descritivo no primeiro parágrafo (“Armários, prateleiras, eletrodomésticos, meu prato, a xícara. Meus sapatos, minhas calças, camisa e o relógio, até meus óculos que pacientemente limpo com a flanela promocional da ótica. O livro sobre a mesa. A caixa de leite. A informativa embalagem do pão integral. Tudo colonizado pelas marcas.”) e texto narrativo no último parágrafo (“Entre a culpa e as pulsões do consumo. Entre um gole e outro de café. Abro o Almanaque dos anos 80. Ao virar as páginas, revi momentos da infância e da adolescência.”).
Podemos observar, ainda, que o texto é coerente, ou seja, não se contradiz em sua lógica e possui uma unidade de sentido. O autor inicia o artigo expondo o dilema entre o indivíduo (seu eu) e o mundo consumista em que vive e, nos parágrafos seguintes, ele lança argumentos para sustentar a ideia que vai construindo em torno desse cenário, o qual se caracteriza pelo forte apelo do sistema publicitário e, ao mesmo tempo, pela necessidade de consumo intrínseca ao ser humano. Nos últimos parágrafos, ele reafirma sua posição de que a publicidade nos devora, mas assume sua cumplicidade nesse processo de funcionamento da sociedade capitalista em que vive.
Quanto à coesão, mecanismo fundamental para a manifestação superficial da coerência nos textos argumentativos, vemos que o artigo sob análise utiliza alguns operadores para dar força argumentativa e, assim, direcionar o leitor ao caminho do sentido proposto no texto. Como exemplo, podemos citar as conjunções “mas” (Mas esse ar de coitadinho do consumidor não convence / Mas a visibilidade não é um conceito exclusivo da comunicação publicitária”), “no entanto” (No entanto, se há uma teoria da conspiração para o sequestro dos meus pensamento”) e vários outros elementos de coesão referencial.
Em se tratando da função social, o artigo em tela, diferentemente do que ocorre em relação às matérias mais populares, como notícias ou reportagens sensacionalistas, mais comuns nos jornais de grande circulação, destina-se a um público específico, de uma classe mais instruída ou interessada nas discussões e análises de temas da atualidade que envolvem a sociedade.
Quanto à estrutura potencial, verifica-se que o artigo sob análise foi construído de acordo com a seguinte estrutura: situação-problema, discussão e solução-avaliação, conforme explanado a seguir:
Situação-problema – 1º parágrafo.
O autor descreve, de forma subjetiva (1ª pessoa do singular), um cenário em que se vê cercado de bens de consumo afirmados pelas marcas (armários, prateleiras, eletrodomésticos, pratos, xícaras, sapatos etc.) e situado num mundo tomado por essas coisas materiais. Trata-se da descrição de um cenário caracterizado pelo capitalismo (tudo colonizado pelas marcas) e pela sociedade consumista (oceano de desejo por coisas).
Discussão – 2º, 3º e 4º parágrafos.
A partir do segundo parágrafo, o autor vai construindo sua opinião acerca do cenário levantado no primeiro parágrafo. Para tanto, ele cita a frase popular “Quem não é visto não é lembrado” a fim de evidenciar o pensamento da sociedade capitalista e a lógica de funcionamento do sistema publicitário, que se baseia nas imagens visuais para acessar o consumidor.
No terceiro parágrafo, ele procura embasar essa visão de que as imagens provocam desejos nas pessoas. Nesse sentido, ele faz analogia com outras áreas que também utilizam as imagens como estratégia para atrair os consumidores. E vai além, afirmando que tudo em nossa cultura é revestido de imagem. Fortalece ainda mais essa ideia quando cita o livro do semioticista cultural Norval Baitello Junior, que fala sobre a relação do homem com as imagens.
No quarto parágrafo, ele faz remissão à pregação dos frankfurtianos para mostrar que as propagandas publicitárias dissipam as fragilidades humanas e que o consumidor se sente amado pelas marcas. Para comprovar essa ideia, ele cita a frase do filósofo francês Jean Baudrillard “[…] Se o objeto me ama, estou salvo”. Mas, no final do parágrafo, ele retira o consumidor da posição de vítima.
Solução-Avaliação – 5º e 6º parágrafos.
No quinto parágrafo, o autor, respaldado na antropologia, reafirma a posição de que o homem precisa consumir para se sentir parte de um todo. Ele avalia a situação, trazendo informações e fatos históricos para desmistificar a posição de vítima do consumidor e para abrandar a culpa da publicidade pela existência de uma sociedade consumista. A fim de corroborar essa visão, ele cita uma publicação da antropóloga Mary Douglas e do economista Baron Isherwood: “O homem precisa de bens para comunicar-se com os outros e para entender o que se passa à sua volta”.
No sexto parágrafo, o autor retoma o momento narrado no primeiro parágrafo (“[…] entre um gole e outro de café”), voltando, portanto, a empregar a primeira pessoa do singular, para concluir o assunto com a constatação de que sua pessoa não está livre da colonização consumista. Nesse sentido, ele aborda os dois polos presentes no cenário levantado: as pulsões de consumo e a culpa, reafirmando que a publicidade nos devora, mas, ao mesmo tempo, somos cúmplices desse processo (“assumo aqui meu papel de cúmplice de toda essa canalhice mercadológica”). Assim, o autor conclui que “reinventamos um famoso dito popular: consumir é viver”.
O desenvolvimento deste artigo proporcionou experiência significativa por envolver uma pesquisa sobre teorias de grandes estudiosos do texto, como Marcuschi, Ingedore Koch, entre outros. Dessa forma, pôde-se compreender melhor as características do gênero e sua importância para as atividades comunicativas do cotidiano e das mais diversas situações, já que tal fenômeno está presente em todos os atos de comunicação, seja por meio da escrita ou da fala.
A análise do artigo de opinião escolhido, realizada a partir da teoria abordada neste estudo, favoreceu enxergar a diversidade de aspectos relevantes para a compreensão do sentido do texto, os quais se situam além da sua superfície interna. A partir dessa análise mais ampla, verificou-se que o artigo “Consumo, logo existo” se insere no âmbito da comunidade jornalística, possui natureza argumentativa, com ideologia marcada pela legitimação por racionalização, estando mais voltado para uma classe interessada nas discussões de temas da atualidade que envolvem a sociedade.
Além dessas caraterísticas, analisou-se o texto quanto à coesão, à coerência e quanto à sua estrutura potencial, explicando-se em detalhes cada parta da estrutura presente no artigo escolhido.
A partir da análise, pôde-se compreender que o artigo de opinião é um recurso de grande importância, usado largamente não só para expressar uma opinião acerca de um assunto, como também para empregar meios de convencimento e explicação sobre determinado tema. Esse gênero tem a característica de incitar o raciocínio, a curiosidade e o diálogo, de forma a contribuir para a ampliação da visão de mundo, favorecendo o enriquecimento cultural e social e a interação entre indivíduos. Portanto, requer atenção não só de estudiosos comprometidos com a língua portuguesa, mas de todo indivíduo como ser pensante e necessário à comunicação.
Por fim, compreendeu-se que é de extrema importância o conhecimento dos gêneros por parte do revisor, visto que o reconhecimento dos discursos vigentes de uma época, do contexto social em que se inserem, das ideologias presentes e da identificação do meio que se quer atingir podem fazer toda a diferença na leitura e na revisão de um texto.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 1ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2008, p. 104.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coesão textual. 21 ed. São Paulo: Contexto, 2009, p. 18 e 27.
BRAKLING, K. L. Trabalhando com o artigo de opinião. Revisitando o eu no exercício de (re) significação da palavra do outro. In: Rojo, R. A prática de linguagem em sala de aula. São Paulo: Mercado das Letras, 2000.
ROCHA, H. Um Novo Paradigma de Revisão de Texto: Discurso, Gênero e Multimodalidade. Brasília, 2012.
GARCIA, O. M. Comunicação em Prosa Moderna. Rio de Janeiro: Fundação Carlos Chagas, 1988.
KOCH, I. G.V. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 2003.
FUZER, C.; VIEIRA, M. Configuração contextual e estrutura potencial de gêneros em anúncios pessoais. Disponível em: <>. Acesso em: 3 jun. 2017.
BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. Trad. Anna Maria Machado, Péricles Cunha. São Paulo: EDUC, 2003.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1993.
MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, A., GAYDECZKA, B., BRITO, K. (org.), Gêneros textuais: reflexões e ensino. Palmas: Kaygangue, 2005.
Veja também: Gênero carta comercial.