Gafes com requintes de Gracinha

Gafes com requintes de Gracinha

Gafes com requintes de Gracinha 

Raquel M. Pivetta

— Olá, Gracinha, tudo bem? — cumprimentou Gustavo, seu ex-colega de faculdade, apresentando em seguida sua esposa, Michele.

— Oi, Augusto!

— Gustavo — ele corrigiu, discretamente.

— É aquela que você conheceu pela internet? — perguntou Gracinha, referindo-se à esposa do Gustavo.

Uma tensão no ar… Ninguém sabia onde enfiar a cara. Gracinha era exímia em criar situações embaraçosas. Ela até percebia quando dava uma mancada, mas aí já era tarde. O engraçado é que ela não fazia por mal, era só um excesso de espontaneidade. Todos à sua volta já estavam habituados ao seu desajeito.

Mas às vezes o clima ficava tenso, como no dia em que, durante o intervalo da aula, ela desabafou com as amigas: “As aulas desse professor são horríveis, ele explica muito mal”. E ela não tinha visto que o professor estava do seu lado. Não sei qual fiasco foi pior, esse do professor invisível ou o do comentário sobre a última avaliação: “Não tem como reprovar nessa disciplina depois dessa prova ridícula. Foi uma chance pros alunos”. Mal sabia Gracinha que a menina com quem ela conversava tinha ido mal nessa prova.

A última façanha foi quando ela estava no supermercado e esbarrou com uma ex-colega de trabalho que não via há décadas. A mulher havia passado por tantos procedimentos estéticos, que sua fisionomia estava totalmente mudada. No entanto, Gracinha lembrou dela imediatamente.

— Oi, Claudete, quanto tempo!

— Nossa, você me reconheceu, hein?! — comentou Claudete, ansiosa por um elogio sobre sua harmonização facial.

— Você está igualzinha, não mudou nada!

Não sei por que Gracinha disse aquilo. É óbvio que ela percebeu a transformação no rosto da Claudete! Não tinha como não notar, estava na cara. Talvez fosse sua forma peculiar de mostrar que os anos não passaram para a amiga. Mas dizer que ela estava igualzinha?! Ah, quer saber? Das gafes, a menor. Pensando bem, hoje em dia está difícil até de fazer um elogio.

Veja também: Elisa fugia à regra

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Uma resposta

  1. Oi Raquel,

    As vezes a nossa espontaneidade vai além do normal, mas acredito que as pessoas espontâneas são mais sinceras, pelo menos diante de si mesmas. Parabéns pela sua espontaneidade em expressar a espontaneidade do seu personagem. Abraços

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